Adicto e manipulação
Manipular é tentador, é um jogo que se cria entre adictos e co-dependentes ou pessoas mais próximas. Um jogo em que todos perdem. Enquanto existir manipulação.
Mentir, torcer um pouco a verdade, dizer só uma parte da verdade, inventar, omitir, vale tudo para adictos e co-adictos. Nesse baile de máscaras a mentira em si torna-se um vício, difícil de escapar, parte da bola de neve descontrolada que enrola todos.
Quem quer ajudar o adicto considera que os fins justificam os meios e não compreende que cada jogo, cada enredo, cada pequena ou grande mentira, apenas reforça o quando o adicto se sente estúpido, boicotado, enrolado, manipulado. Perde-se a confiança, perde-se o respeito, perde-se a noção da fronteira entre o certo e o errado quando adicto e co-adicto usam os mesmo métodos.
Recuperação passa por lidar com a verdade de forma amorosa. Amorosa não significa complacente. Ajudar não é tratar o adicto como se fosse uma criança se não é, nem como um retardado mental. Ajudar significa respeitar e exigir respeito com amor. O tipo de amor que não manipula, não contorna.
É importante que todos se confrontem com a necessidade de entrar em recuperaçao, não só o adicto como todos os que o rodeiam. Não há certos e errados quando um adicto está em adicção activa. Há uma doença conjunta que se manifesta nele de forma mais ostensiva mas que afecta todos.
Não serve de nada culpar, apontar o dedo, seja para os outros, seja para nós mesmos.
Adicção não pode continuar a envolver mais culpa ou vergonha do que as outras doenças. Não tem a ver com errar, com ser estúpido ou mau carácter. Tem a ver com sofrimento e necessidade de ajuda. Para adictos e familiares.
Manipular é adoecer.