A valorização pelo sucesso
Quando eu ser eu deixou de ser o suficiente, sempre existirá quem me lembre que não sou suficientemente bem sucedido. Sempre alguma coisa me fará sentir aquém do que podia ser. Aquém do que o exterior me diz que eu devia ser.
Quando vivo numa sociedade que valoriza o desempenho e os resultados e que está constantemente a encher-me a cabeça de conceitos vazios sobre o que devo ter, e ser, e provar e mostrar; arrisco-me a correr como louco atrás de uma cenoura que está sempre na próxima porta e nunca chega.
Quando é que chega?
Quando serei suficientemente bom? Quando posso desistir de competir comigo e com os outros e passar a apreciar a viagem de estar vivo?
Quando posso deixar de lado a avaliação externa e superficial, a avaliação fútil e doentia de uma cultura doentia em que vivo e finalmente olhar para mim com amor de verdade.
Quando foi que deixei de ser merecedor de amor por aquilo que tenho dentro?
E já agora? O que tenho eu dentro?
Será que alguém sabe? Será que eu sei?
Porque às vezes a corrida é tão lá fora que posso descobrir que o que tinha de fresco e verdadeiro ficou noutro lado qualquer bem mais importante do que aqui. Neste lugar de tanta ilusão e mentira onde viemos a acreditar na falsidade de sermos todos menos importantes do que somos, menos bons e certos.
Ser bem sucedido é ser feliz. E se estou infeliz, não é porque sou pior ou mais fraco. É porque tenho um caminho pela frente, e uma bússola contaminada que hoje preciso de limpar.