Fomes que se confudem
A um determinado nível todas as nossas fomes são sentidas de forma parecida. A fome de alimento, de líquido, de alegria, amor, de validação, a fome de paz, a fome de intensidade, a fome de integração.... bem como outros sintomas associados a muitas adicções como ataques de ansiedade e recorrente mergulho em espirais de exaspero; todas estas sensações tocam o gatilho que a adicção activa veio tentar resolver.
A adicção é uma resposta de sobrevivência. Por isso parece que se morre quando se resiste ao objecto da nossa adicção, seja qual for. É uma resposta de sobrevivência perante agentes patológicos de experiência humana.
Assim, sempre que o gatilho é accionado existe uma informação química e fortemente enraizada psiquicamente, que diz que a adicção resolve aquela fome, seja qual for.
Adictos ao alcool bebem por esta triste, com fome, com sede, com medo, com abandono, com rejeição, com euforia ilusória momentânea... tudo serve, tudo é uma boa razão.
Adictos ao trabalho deixam de ter fome, deixam de ter necessidade de interromper. O trabalho parece matar todas as fomes.
Assim, prevenir a recaída também passa por não permitir exposições aos vários tipos de fome: fome de comida, de líquidos, de paz, de apoio.
É preciso manter bons níveis de açucar através de bebidas doces, manter as refeições sem intervalos, evitar sede, evitar fontes de stress, evitar todos os sinais que accionam o gatilho.
Ter sempre umas barrinhas energéticas a jeito, ter sempre o telefone do padrinho do grupo de 12 passos a jeito, ter sempre em mente que pessoas tóxicas são como veneno puro. Ambientes tóxicos, relações tóxicas... veneno puro. É recaír a sêco.
Cada um tem os seus gatilhos. Estar atendo, diagnosticar e encontrar alternativas eficazes para tranquilizar esta ansiedade e esta sofreguidão é uma parte de prevenir recaídas.