Obstáculos à recuperação
O primeiro obstáculo é, estranhamente, o facto de tantos adictos não admitirem que têm um problema, logo não procurarem recuperação.
Tomar consciência de que existe um problema pode ser mais complexo do que parece na medida em que existe sempre quem o encoraje a continuar, seja o "marketing" relacionado com as drogas ilegais ou mais socialmente rejeitadas, seja a nossa cultura de obstinação no caso das dependências socialmente encorajadas como o trabalho, as dietas, a internet, o computador e a televisão...
Aceitar que existe uma compulsão, uma incapacidade de parar e um rasto de danos atrás dos nossos passos, acontece apenas quando algo de muito grave vem finalmente chapar-nos na cara.
Um AVC ou um esgotamento para o trabalhador compulsivo, um diagnóstico de anoréxia nervosa para quem é dependente das dietas, um esgotamento para quem é adicto às limpezas e arrumação...
Um enfarte para o comedor compulsivo.
Uma overdose...
Um acidente de automóvel para quem conduzia embriegado...
Uma perna partida no adicto aos resultados no desporto...
Algo que pára o tempo e confronta o adicto com a sua própria consciência, pode ser necessário para que este assuma que existe um problema. E até lá pode passar imenso tempo.
Uma auto-análise sincera mais antecipada podería poupar muito sofrimento e antecipar assim a recuperação.
Uma adicção é um hábito ou aspecto que toma conta de todas as outras áreas de vida. É uma doença, que se manifesta através de um ou mais comportamentos compulsivos sejam eles comportamentos socialmente encorajados ou associados a um estigma de vergonha.
Na dúvida vale a pena perguntar em contexto de terapia a quem tem ferramentas de um diagnóstico sério, sendo importante não omitir factos, nem retorcer a verdade.