Prevenção primária

10-02-2012 14:12

Prevenir

"Mais vale prevenir que remediar", diz o ditado.

A prevenção faz-se desde cedo. Tratar as nossas crianças com respeito e com verdade, com amor e com informação são boas apostas.

Respeito significa neste caso, respeitar o ritmo, os interesses, a natureza de cada criança. Não fazer da criança o nosso bonzai, o nosso boneco, o nosso objecto de projecção das nossas aspirações ou das nossas frustrações. As crianças devem ser protegidas de ambientes relacionais tóxicos, de ambientes relacionais doentes.

 

Verdade, a verdade amorosa e respeitadora é aquela que mantém a criança integrada, sem mentiras de família, sem segredos de família, sem assuntos tabu, sem "adultos-perfeitos" a toda a volta e "vidas perfeitas" como modelos inatingíveis e metas impossíveis.

Cuidar das nossas crianças pressupõe disponibilidade mental, emocional, para a receber nas nossas vidas. Pressupõe que lhe sejam oferecidas condições emocionais, sociais e físicas. Estímulos, envolvimento e carinho.

 

À medida que as crianças crescem vão sendo cada vez mais as suas referências, os pais ou cuidadores principais passam a partilhar essa responsabilidade com professores, amigos, e mesmo ídolos do mundo da música e do cinema. O diálogo aberto sobre todos os assuntos fica mais fácil se tiver sido uma prática de sempre, mas ganha cada vez mais importância.

É preciso muita coragem, muita generosidade.

A verdade é que as crianças e os adolescentes ajudam-nos a dar conta das nossas próprias idiossincrasias e na realidade ajudamo-los tanto mais quanto mais estamos em contacto com o que somos, o que sentimos, o que nos faz ser como somos. Educadores com amor próprio têm mais facilidade em transmiti-lo aos filhos e crianças em redor. Adultos que se respeitam e se divertem têm mais facilidade em chegar ao coração dos jovens ávidos de vida, de amor e de aceitação incondicional.

A nossa cultura e os valores da nossa sociedade são desumanos em muitos sentidos e colocam-nos muitas vezes sem tempo, sem paciência, sem calma e sem capacidade introspectiva para sermos adultos capazes de ajudar as nossas crianças a serem suficientemente felizes, equilibradas e esclarecidas a fim de as defender deste problema de saúde que são as adicções.

Cabe-nos encontrar formas de manter uma relação empática e ao mesmo tempo firme com aqueles que vida coloca à nossa guarda e à nossa responsabilidade. Mesmo que às vezes possa parecer difícil, é muito mais fácil prevenir do que remediar. Isso é mesmo verdade.